Vance, em Los Angeles, chama o senador Alex Padilla de “José Padilla”

Washington — Durante uma visita às autoridades federais em Los Angeles na sexta-feira, o vice-presidente JD Vance disse que o governo Trump ainda acredita que uma mobilização militar na cidade é necessária.

Vance é o funcionário de mais alto escalão do governo Trump a visitar a região de Los Angeles desde que os protestos eclodiram na segunda maior cidade do país contra as batidas do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE). Ele fez breves comentários após visitar um Centro de Operações Conjuntas Federais multiagências e um centro de comando móvel federal, além de se reunir com a liderança e os fuzileiros navais em terra.

O presidente Trump federalizou milhares de soldados da Guarda Nacional da Califórnia em resposta aos protestos na região de Los Angeles e ordenou o envio de cerca de 700 fuzileiros navais para proteger propriedades federais. O presidente determinou que as autoridades federais de imigração priorizem a deportação de indivíduos de cidades governadas pelos democratas, incluindo Los Angeles, e uma série de operações do ICE em Los Angeles desencadeou os protestos no início deste mês.

Os deslocamentos geraram uma ação judicial do governador da Califórnia, Gavin Newsom, que argumentou que a presença de forças militares poderia agravar a situação. Na noite de quinta-feira, um tribunal federal de apelações permitiu que o presidente mantivesse o controle das tropas da Guarda Nacional que havia destacado para a região de Los Angeles, suspendendo uma decisão de um juiz de instância inferior que afirmou que o presidente agiu ilegalmente ao ativar as tropas apesar das objeções de Newsom. Os protestos diminuíram, mas as tropas permanecem.

Em comentários a repórteres na sexta-feira, Vance disse que a situação "melhorou muito", mas os fuzileiros navais e as forças da Guarda Nacional ainda são "uma parte muito necessária do que está acontecendo aqui", argumentando que os protestos podem "voltar a ocorrer".

O vice-presidente também alegou que Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, "incitaram" a violência durante os protestos. O governo acusou autoridades estaduais e locais de não protegerem os agentes federais de imigração de ameaças e interferências de manifestantes. As autoridades locais reagiram, argumentando que as autoridades federais são responsáveis ​​pelo caos.

"Eu diria que Gavin Newsom está colocando a polícia em perigo", disse Vance.

Vance sugeriu que a administração está disposta a usar a Guarda em outros lugares, mas espera não fazê-lo.

"Se vocês aplicarem suas próprias leis e protegerem as autoridades federais, não enviaremos a Guarda Nacional porque é desnecessário", disse o vice-presidente.

Em uma entrevista coletiva na sexta-feira à noite, a prefeita de Los Angeles, Karen Bass, disse que Vance estava "espalhando mentiras e completo absurdo em uma tentativa de promover divisão e conflito em nossa cidade".

Em certo momento, Vance se referiu ao senador Alex Padilla, um democrata da Califórnia, como "José Padilla".

"Eu esperava que José Padilla estivesse aqui para fazer uma pergunta, mas infelizmente, acho que ele decidiu não aparecer porque não havia teatro", disse Vance.

O senador foi notícia na semana passada após ser retirado à força de uma coletiva de imprensa promovida pela Secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, um incidente que Vance chamou de "puro teatro político".

"Sr. vice-presidente, como ousa desrespeitar nosso senador?", disse Bass em sua coletiva de imprensa. "O senhor não sabe o nome dele? Mas, mesmo assim, serviu com ele antes de ser vice-presidente e continua servindo com ele até hoje. Porque, da última vez que verifiquei, o vice-presidente dos Estados Unidos é o presidente do Senado. O senhor serve com ele hoje, mas como ousa desrespeitá-lo e chamá-lo de José? Mas acho que ele simplesmente parecia qualquer um para o senhor."

Newsom disse na sexta-feira em uma publicação no X que a confusão com o nome de Padilla "não foi um acidente", observando que Vance e Padilla serviram juntos no Senado.

"Foi muito generoso da parte do vice-presidente reservar um tempo de seu evento de arrecadação de fundos a portas fechadas para fazer uma sessão de fotos em frente a um caminhão de bombeiros — onde ele 'erroneamente' chamou um senador latino dos EUA de 'José'", disse o gabinete de Newsom em um comunicado.

Um porta-voz do senador disse à CBS News que o comentário foi um "comentário nada sério de uma administração nada séria".

"Como ex-colega do senador Padilla, o vice-presidente sabe mais. Ele deveria estar mais focado em desmilitarizar nossa cidade do que em dar golpes baixos", acrescentou o porta-voz.

"Ele deve ter confundido duas pessoas que infringiram a lei", disse o porta-voz de Vance, Taylor Van Kirk, à CBS News.

Um dos mais famosos, José Padillas, foi condenado à prisão por terrorismo e conspiração há mais de uma década, sob alegações de que trabalhou com a Al-Qaeda .

Na quinta-feira, agentes federais foram vistos do lado de fora do estádio do Los Angeles Dodgers , após o time ter bloqueado a entrada das autoridades de imigração. Torcedores protestaram, e o Departamento de Segurança Interna afirmou que veículos da Alfândega e da Patrulha de Fronteira "permaneceram no estacionamento do estádio por um breve período, sem qualquer relação com qualquer operação ou fiscalização".

As autoridades federais de imigração intensificaram os esforços de fiscalização, com o vice-chefe de gabinete da Casa Branca, Stephen Miller, afirmando que os agentes do ICE têm como meta realizar pelo menos 3.000 prisões por dia. Até o momento, o número de prisões não atingiu essa meta, com uma média diária de cerca de 1.200 prisões no mês de junho, até o início desta semana.

De volta a Washington, o Sr. Trump está lidando com questões internacionais, particularmente o conflito entre Israel e o Irã. Em um comunicado na quinta-feira, o presidente afirmou que decidirá se os EUA se juntarão a Israel em seus ataques nas próximas duas semanas. O presidente viajou para Bedminster, Nova Jersey, para um jantar de arrecadação de fundos na sexta-feira à noite, após reuniões com sua equipe de segurança nacional na Casa Branca.